um guia pelos principais bairros da cidade
Minha primeira parada da viagem foi em San José, a capital da Costa Rica. Pouco tinha ouvido sobre o país antes de escolher ir para lá, realmente não é um dos destinos mais populares e desejados do mundo. Meus amigos, inclusive soltaram algumas boas pérolas enquanto eu estava por lá, como “que língua falam?” e “até pensei que fosse uma ilha.” Bom, não é uma ilha, e falam espanhol.
Mesmo não sabendo nada do destino, inclusive a língua local, fiquei surpreso em descobrir que San José tem muitas semelhanças com São Paulo, só que em uma escala reduzida. Na região central, por exemplo, é buzina, trânsito, gritaria e correria pra todo lado, bem no estilo Rua 25 de Março, no Escalante estão os bares, restaurantes e vida noturna agitada, assim como na Vila Madalena. Já no Amón e Otóya estão escondidos cafés descolados, bistrôs charmosos e alguns parques, que lembram a região de Pinheiros. A partir disso, não demorou muito para eu destrinchar cada parte da cidade, e descobrir que o café, frango e abacate são quase que sinônimos para Costa Rica. 
COMEÇANDO PELO CENTRO

Teatro Nacional

Já começo dizendo: não pense em caminhar pelas ruas depois de escurecer. Todo o traço amigável de cidade de interior desaparece e dá espaço a um ar nada convidativo que toma conta das ruas e avenidas. Se for sair depois das 18h, vá de Uber.
Mas o Centro é a região perfeita para se conhecer durante o dia, então não se perde muito quando o sol baixa. O que mais salta os olhos ali é o Teatro Nacional, que foi finalizado em 1897 e oferece visitas guiadas de segunda a sexta em diferentes horários pelo valor de ₡1800 (US$ 3). Em tempos pandêmicos, foi necessário agendar previamente o passeio pelo site oficial, onde você indica se prefere realizar o tour em inglês ou em espanhol.
Ao lado do teatro fica a Plaza de la Cultura, onde centenas de pombos se reúnem para "brincar" com crianças que estão com os pais, e dividindo espaço com ela está a Calle Central. Com pouco mais de 2km de extensão, a via conta com lojas de diversos segmentos, mas não oferece as melhores opções de restaurantes. A Calle ainda conecta três museus, os principais da cidade: o do Ouro, da Jade e o Nacional, cujas entradas para turistas variam entre US$ 12 a 16. Em virtude do valor, não visitei nenhum deles. 
No entanto, o bairro ainda guarda preciosidades gratuitas como o Templo de la Música, onde artistas de diferentes áreas se reúnem para performar, o Edifício Metálico, uma escola infantil datada de 1896 pintada de rosa, e diferentes parques muito bem arborizados.
Museu Nacional
Museu Nacional
Interior do Teatro
Interior do Teatro
Interior do Teatro
Interior do Teatro
Interior do Teatro
Interior do Teatro
Edifício Metálico
Edifício Metálico
Templo de la Música
Templo de la Música
Passando por Otoya
Caminhando pela lateral esquerda do Museu Nacional, nota-se uma rua repleta de palmeiras e uma casa azul em estilo vitoriano que rende lindas fotos. A via encontra o Parque Nacional, que é bem tranquilo e abriga diversas esculturas de momentos importantes do país.
Ali do lado ainda está o Centro Nacional de la Cultura, que abriga exposições de arte e apresentações teatrais/musicais. O local não possui um cafézinho, o que não é um problema, já que a três minutos de caminhada dali está o charmoso Café Otoya Bistró, aberto diariamente da manhã até a noite. Vale fazer uma parada para um brunch e provar o Pinto Bowl (arroz e feijão tradicionais do país, ovos mexidos, abacate e pico de gallo, um vinagrete mexicano) acompanhado da limonada de morango.
Descendo a Avenida 7 (onde está o Café), é impossível não notar a Casa Amarilla, onde hoje funciona o Ministério de Relações Exteriores, que infelizmente não pode ser visitada. Ao lado dela, uma mini rua curva leva ao Centro Costarricense de Produção Cinematográfica, que projeta filmes clássicos gratuitamente e fica iluminado todas as noites por luzes coloridas.
Na mesma rua, o Café Miel Garage oferece uma variedade de doces e salgados, como as empanadas colombianas e a torta folhada de doce de leite, que vale a pena provar.

Monumento à Batalha de Rivas, no centro do Parque Nacional

Centro Costarricense de Produção Cinematográfica
Centro Costarricense de Produção Cinematográfica
Pinto Bowl do Café Otoya
Pinto Bowl do Café Otoya
Interior do Café Otoya
Interior do Café Otoya
Seguindo para o Escalante

Calle 33, no Escalante

Caminhando por dez minutos a partir do Café Miel chega-se novamente à avenida 7, onde três estabelecimentos dão uma palhinha de como é o Escalante. Ali, o almoço certeiro fica por conta da Creperie & Café Entre Nous, que, além dos crepes extremamente recheados, também conta com wraps, sanduíches e saladas no cardápio. Vale provar o Pollo Tropical, que leva frango, alface, tomate, abacate e molho ranch. Outra opção é o Franco, que tem fila de espera nos finais de semana, mas que compensa pelos saborosos pratos e cafés apreciados no jardim do pátio interior.
Dali, é só seguir pela mesma calçada e não será difícil notar as luzes neon da Whip It Good! uma sorveteria onde é possível encontrar sanduíches de sorvete com sabores variados, que mudam a cada semana (cheque o insta para conferir a seleção). Ali do lado está a Neon, um bar LGBTfriendly cuja decoração é toda trabalhada nas luzes coloridas. Antes uma balada popular entre os jovens, o estabelecimento soube se reinventar com o período atual, sem perder o bom gosto da playlist que toca clássicos oitentistas, e hoje serve dezenas de drinks (incluindo seis variações de Moscow Mule), grande parte no formato slushy.
Mesmo com os preços salgados encontrados no bairro, o destaque ainda vai para o Saúl Bistro, cuja decoração chama mais atenção do que os pratos típicos do país, e o Apotecário, com foco em diferentes cortes de carne. Há também o Gambas, especializado em frutos do mar, o Ramenezco, com diferentes combinações para montar seu ramen, e o Wings on Fire, onde se tem mais de 30 opções de molho para acompanhar asinhas de frango.
Fachada da Whipe it Good! e da Neon
Fachada da Whipe it Good! e da Neon
Sanduíche de sorvete da Whipe it Good!
Sanduíche de sorvete da Whipe it Good!
Moscow Mule da Neon
Moscow Mule da Neon
Crepe da Creperie & Café Entre Nous
Crepe da Creperie & Café Entre Nous
Bowl Mexicano do Franco
Bowl Mexicano do Franco
Frango frito com molho de maracujá da Wings on Fire
Frango frito com molho de maracujá da Wings on Fire
Descobrindo a La California
Considerada uma versão menor do Escalante, a região é conhecida por suas baladas e festas, as quais não fui conferir. No entanto, o mercado culinário Amor de Barrio merece ser visitado pelo menos uma vez, já que em seus quatro andares se encontram mais de 20 opções de restaurantes, em especial os de culinária cubana, mexicana e mediterrânea. O terraço do prédio esconde a Selvatica, um bar com uma das poucas vistas do alto da cidade.
O bairro também oferece um refúgio sem igual para os cinéfilos que não conseguem ficar muito tempo longe das telonas. Inaugurado há mais de 40 anos, o Cine Magaly é o único cinema de rua em atividade na capital costarricense e se dedica à exibição de filmes independentes. Também é possível fazer uma boquinha rápida (ou levar os petiscos para a sala) no Café Kubrick GastroBar, que homenageia o grande cineasta.
Por fim, uma das maiores peculiaridades da cidade também se encontra no bairro, onde um aglomerado de restaurantes se reúne rente à linha do trem, ao lado direito da estação ferroviária. As opções ali vão de food-trucks, sorveterias artesanais e um charmoso pub inglês que é uma boa pedida para admirar o pôr do sol apreciando uma cerveja.
Pub inglês
Pub inglês
Linha do trem rente aos estabelecimentos
Linha do trem rente aos estabelecimentos
Fachada do Amor de Barrio
Fachada do Amor de Barrio
Percorrendo o Amón

Fachada do hotel Dunn Inn

Por estar próximo da região central, que guarda dezenas de estabelecimentos precários em que se encontram cassinos e prostíbulos, é necessário redobrar a atenção para frequentar o Amón durante a noite. Mas isso não significa que o local não tenha suas preciosidades, com destaque para as diversas casas em estilo vitoriano que preenchem as ruas. 
Na hora do almoço, rume para o Café Rojo e monte seu bowl natureba acompanhado de carne branca ou legumes, em seguida, o De Acá Cafeteria é uma boa opção para tomar a bebida enquanto se admira um belo salão decorado, mas deixe os doces e salgados de lado, já que esses não valem o valor que se é cobrado. Para fechar, escolha jantar no intimista Cothnejo-Fishy, cujo acesso é feito por uma portinha escondida atrás de uma árvore. Vale a pena pegar o ceviche e em seguida o chifrijo, que leva arroz, feijão vermelho, torresmo e pico de gallo.
Interior da De Acá Cafeteria
Interior da De Acá Cafeteria
Fachada do Hemingway Inn
Fachada do Hemingway Inn
Casa em estilo vitoriano
Casa em estilo vitoriano
Casa em estilo vitoriano
Casa em estilo vitoriano
Chifrijo do Cothnejo-Fishy
Chifrijo do Cothnejo-Fishy
Cruzando o La Savana
A principal atração da zona oeste é o imenso parque La Sabana, onde é possível jogar futebol, basquete, vôlei e até beisebol. Com muitas árvores, é certo que um esquilo vai cruzar seu caminho ao longo do percurso até o colossal Estádio Nacional, onde ocorrem partidas de futebol e shows.
Ainda nas dependências do parque, também vale dar uma conferida no Museu de Arte Costarricense, que é gratuito e exibe obras contemporâneas de artistas locais. Para comer, a escolha certeira é o Soda Tapia, um restaurante que oferece no menu um prato típico do país: o casado, que leva salada de repolho, arroz, feijão preto, batata frita e, claro, frango frito.
Estádio Nacional
Estádio Nacional
Parque La Sabana
Parque La Sabana
Casado do Soda Tapia
Casado do Soda Tapia
Exterior do Museu de Arte Costarricense
Exterior do Museu de Arte Costarricense
Interior do Museu de Arte Costarricense
Interior do Museu de Arte Costarricense
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